sinistralidade

A importância dos indicadores de sinistralidade para a gestão de saúde na prática

22 novembro, 2021

Especial Semana da Gestão de Sinistro – Entrevista com Luiz Feitoza, da Arquitetos da Saúde

Dando início a nossa Semana da Gestão de Sinistro, entrevistamos Luiz Feitoza, empreendedor na Arquitetos da Saúde, sobre a importância dos indicadores de sinistralidade para a gestão de saúde na prática.

A entrevista começou com um bate-papo sobre os novos rumos do setor da saúde suplementar, especialmente devido ao crescimento da tecnologia baseada em dados e do desejo por planos de saúde. 

Como uma introdução ao tema, Luiz afirmou ser preciso separar causa x efeito. Enquanto a sinistralidade é um efeito, a relação de duas coisas ― a despesa médica dividida pela receita do plano de saúde ―, o sinistro seria a causa. Segundo ele, o mercado gasta muita energia em falar sobre a sinistralidade e a gestão da sinistralidade, quando a gestão é do sinistro

“A gestão do sinistro é a gestão das pessoas, ou do acesso que as pessoas têm à saúde”, disse.

Como a sinistralidade afeta as corretoras de saúde e administradoras de benefícios e como isso reflete nas empresas?

Segundo Luiz, a sinistralidade é um indicador emblemático, porque é uma boa medida de equilíbrio econômico/financeiro. Diferente dos planos de saúde individuais, os quais possuem um limite de reajuste definido pela ANS, o reajuste de planos de saúde coletivos é de livre negociação entre as partes. Embora o limite técnico ideal de sinistralidade para as corretoras seja de 70-75%, essa média está em um patamar de aproximadamente 84% nos últimos anos, o que ainda permite que as operadoras consigam pagar suas despesas e ter lucro.

Isso não significa que empresas que atingem 84% de sinistralidade não sofrerão com reajustes, mas apenas que esta é a média encontrada nos últimos tempos.

O papel do corretor de saúde/administrador de benefícios

Muito mais do que vender o plano de saúde, para reter clientes empresariais é necessário auxiliar aquele cliente em sua gestão de saúde. Com uma competitividade cada vez maior, a inovação torna-se mais do que necessária. 

Na entrevista, foi apontada a diferença entre empresas menores e empresas grandes o suficiente para ter um sistema de autogestão de saúde. Empresas menores precisam de uma ajuda maior quando se trata de saúde corporativa, já que elas ainda não estão aptas em sua estrutura de mercado para fazer essa gestão dentro da empresa.

Qual é a relação entre VCMH e sinistralidade?

Luiz afirmou sentir uma maior necessidade de mostrar os pontos de contato ao invés da relação. Enquanto a VCMH (Variação de Custos Médico-Hospitalares) mede a variação de custo, a sinistralidade é a relação entre despesa x receita; portanto, elas não estão diretamente relacionadas, mas possuem pontos de contato.

O primeiro ponto de contato é a própria cláusula de reajuste. Os planos de saúde coletivo tem duas formas de reajuste: o primeiro é a partir da sinistralidade, na qual medimos o desequilíbrio, e o segundo é a VCMH, que seria uma correção monetária, ao invés de ser uma correção de desequilíbrio.

Para o entrevistado, “no fim do dia, tudo vira um índice só, e tudo corrobora para que mantenha-se uma média viável para empresa e corretora, que no Brasil não fura o teto de 84% de sinistralidade”.

O outro ponto de contato seria no crescimento do mercado. Quando o mercado cresce muito e rapidamente, a sinistralidade tende a cair, como aconteceu na pandemia, e a VCMH também cai. A base de vidas influencia nos dois índices.

Quais outros indicadores são importantes para acompanhar?

Segundo Luiz Feitoza, indicadores importantes de serem acompanhados são:

  • Custo per capita de despesa;
  • Outlier;
  • Frequência per capita de consultas, exames, internações, terapias, eventos ambulatoriais, etc;
  • Quantidade de pessoas que não utilizam plano médico e as que mais utilizam.

Como a sinistralidade se relaciona com estes indicadores e qual é a importância de acompanhá-la?

Segundo Feitoza, a sinistralidade é um tanto circunstancial. Entretanto, é importante sempre medi-la, mesmo sendo circunstancial. Não existe sinistralidade exatamente ruim, mas fora do contexto do contrato.

O que é preciso saber calcular é o VCMH. Se o VCMH for maior do que o reajuste, a empresa está fazendo uma boa gestão, segundo o especialista. Se eles estão equiparados, ainda é um índice positivo. Entretanto, se o reajuste é maior que o VCMH, é melhor repensar a gestão que está sendo feita.

Muito mais do que olhar para apenas a sinistralidade, é necessário olhar para todos os outros indicadores para tirar uma conclusão eficaz dos contratos.


Confira a entrevista na íntegra no formato de vídeo ou podcast

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