Análise técnica dos planos de saúde em 2023

Desirée Vilas Boas
13/9/2023

Após um 2022 levemente conturbado, os planos de saúde parecem estar se recuperando aos poucos, segundo alguns dados divulgados em 2023. 

Com o crescimento contínuo em beneficiários, uma pequena diminuição na taxa de sinistralidade e a desaceleração da demanda reprimida causada pela pandemia, parece que o setor está finalmente apto a dar um suspiro de alívio ― mas nem tudo são flores.

Se você não sabe do que estamos falando, continue lendo para conferir a nossa análise técnica dos planos de saúde em 2023 ― até agora!

Cada vez mais usuários nos planos de saúde em 2023

A saúde suplementar não para de crescer! Em julho de 2023, o setor totalizou 50.718.744 de usuários em planos de assistência médica, 942.995 a mais em relação a julho de 2022 e 99.456 a mais do que em junho de 2023.

É evidente que, depois de passarmos por uma pandemia de escala global, estamos dando maior valor à saúde. Isso sem contar os planos de saúde empresariais, os quais representam cerca de 70% do mercado e são responsáveis por mais de 30 milhões de beneficiários.

O convênio médico é um dos benefícios mais desejados pelos colaboradores e as organizações têm visto cada vez mais utilidade na oferta de um plano de saúde ― um time mais saudável é, também, um time mais harmonioso e produtivo.

Apesar de todas as polêmicas do ano anterior, como o bota-casaco-tira-casaco do rol de procedimentos e o reajuste recorde, as operadoras não se abalaram nessa frente: desde 2020, o número de beneficiários só cresce.

Resultados financeiros dos planos de saúde no primeiro semestre de 2023

As pequenas esperanças

Segundo os dados recentemente divulgados pela ANS no novo Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar, as operadoras registraram um lucro de R$2 bilhões no acumulado dos primeiros seis meses de 2023. O resultado equivale a 1,3% da receita total acumulada no período, que foi de quase R$154 bilhões.

Isso quer dizer que, para cada R$100 de receita, as operadoras obtiveram R$1,3 reais de lucro.

Além disso, a sinistralidade acumulada no ano diminuiu quando comparada ao mesmo período no ano anterior, mesmo que continue acima do limite técnico de 70%.

De acordo com as informações do Painel, o primeiro semestre de 2023 fechou com 87,9% de sinistralidade acumulada entre as operadoras médico-hospitalares, 0,9% p.p abaixo em relação ao primeiro semestre de 2022.

Os pontos de atenção

Apesar de alguns bons resultados, as nuvens cinzentas continuam pairando sobre o mercado. As operadoras também registraram um prejuízo operacional de R$4,3 bilhões, compensado pelo recorde de R$5,9 bilhões em aplicações financeiras.

“Mas se o prejuízo foi compensado, isso não seria algo bom?”, você pode estar se perguntando. De certa maneira, isso até pode ser positivo, mas não é o melhor cenário. O adequado seria a rentabilidade das operadoras vir da própria operação do plano, ao invés de investimentos externos.

De qualquer forma, o primeiro semestre de 2023 nos mostrou que a recuperação do mercado dos planos de saúde é mais do que possível. À medida que as operadoras forem otimizando suas gestões e se adaptando às mudanças do setor, o esperado é que essa recuperação se intensifique e os números voltem aos níveis pré-pandemia, agora com um número bem maior de usuários.

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