Como definir se um exame médico é necessário?
A decisão de realizar um exame médico envolve diversos fatores, como os sintomas do paciente, seu histórico de saúde e o impacto financeiro e clínico do exame. Dessa forma, encontrar um equilíbrio saudável entre a realização de exames e o cuidado integral com a saúde é essencial. Porém, muitas vezes, esse equilíbrio tem sido deixado de lado.
Para se ter uma ideia, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em 2022, os beneficiários de planos de saúde no Brasil realizaram cerca de 1,1 bilhão de exames e procedimentos, com uma média de 22,2 exames por pessoa ao ano.
Esse volume crescente destaca a importância de ponderar a real necessidade dos exames médicos, evitando procedimentos desnecessários que podem não só trazer riscos à saúde do paciente, mas também elevar os custos para beneficiários e para o sistema de saúde.
Pensando nisso, aqui vamos abordar como identificar se um exame é realmente necessário. Além disso, vamos trazer medidas que podem ajudar a reduzir a quantidade de exames desnecessários sem comprometer a qualidade do cuidado com a saúde. Acompanhe!
O custo e o risco dos exames em excesso
Além dos custos financeiros envolvidos, cada exame médico, especialmente os de imagem, como radiografias e tomografias, traz riscos à saúde. Afinal, a exposição repetida à radiação pode ter efeitos cumulativos no corpo, aumentando as chances de danos a longo prazo.
Dessa forma, definir a real necessidade de um exame é fundamental para preservar a saúde do paciente e tornar o sistema de saúde mais eficiente.
Além disso, conforme citamos anteriormente, exames excessivos geram uma sobrecarga financeira no sistema de saúde. Assim sendo, estimulam o aumento dos custos dos planos e comprometem recursos que poderiam ser investidos em outras áreas prioritárias.
Evitar exames desnecessários é, portanto, uma questão de saúde e sustentabilidade do sistema.
Porém, é essencial identificar quando um exame é desnecessário. Pois ao mesmo tempo em que é importante evitar procedimentos excessivos, também é preciso manter o cuidado com a saúde em dia, mantendo os exames de rotina atualizados de acordo com a orientação médica.
Exame médico em excesso: o desafio da continuidade e do acesso ao histórico de saúde
Um dos fatores que dificultam a decisão sobre a necessidade de um novo exame é a ausência de um histórico de saúde centralizado. Afinal, muitos pacientes não têm um registro atualizado dos exames e procedimentos que já realizaram, o que leva os médicos a solicitarem novos exames por falta de informações prévias.
Dessa forma, a falta de continuidade na documentação e no acesso ao histórico de saúde prejudica uma análise eficaz da real necessidade de novos procedimentos.
Assim sendo, a implementação de tecnologias para a digitalização e o compartilhamento seguro dos históricos de saúde pode ser uma solução poderosa. Afinal, com registros digitais e integrados, médicos podem tomar decisões mais bem fundamentadas, reduzindo a necessidade de exames redundantes.
Atenção para a cultura do “quanto mais exames, melhor”
No Brasil, ainda há uma forte valorização da quantidade de exames como sinônimo de qualidade no atendimento médico. Afinal, para diversos pacientes, a realização de muitos exames indica uma avaliação médica mais completa e assertiva — enquanto a falta deles pode ser vista como descaso ou falta de interesse do profissional.
Esse pensamento contribui para que muitos pacientes busquem segundas opiniões ou realizem exames em excesso. Assim, cria-se um ciclo de procedimentos desnecessários.
Este cenário é ainda mais comum em consultas rápidas, onde o médico pode se ver pressionado a solicitar mais exames devido à falta de tempo para uma investigação detalhada. Esse fenômeno pode atrasar diagnósticos e tratamentos, prejudicando o paciente e criando gastos adicionais ao sistema.
Como avaliar a necessidade de um exame médico?
Existem algumas estratégias que podem ajudar tanto pacientes quanto profissionais de saúde a tomar decisões mais conscientes sobre a necessidade de exames médicos, por exemplo:
Fortalecer a relação médico-paciente
Um bom relacionamento entre médico e paciente é essencial para decisões compartilhadas. Afinal, quando o paciente confia em seu médico, é mais fácil seguir orientações e evitar a necessidade de múltiplas opiniões e exames redundantes.
Então, a comunicação clara, aberta e informativa é fundamental para que o paciente compreenda as recomendações do médico.
Adotar um registro centralizado e integrado
O uso de tecnologias para manter o histórico de saúde atualizado e acessível é um passo importante. As plataformas digitais podem armazenar informações médicas e permitir que o médico visualize todos os exames e procedimentos anteriores, tornando o acompanhamento mais efetivo e reduzindo a necessidade de exames repetitivos.
Investir em treinamento contínuo para as equipes de atendimento
Os profissionais de saúde envolvidos nos serviços de exames também desempenham um papel importante.
Assim sendo, treinamentos periódicos para essas equipes podem ajudar a identificar quando um exame adicional é realmente necessário, considerando os procedimentos anteriores e as necessidades do paciente. Dessa forma, a decisão de realizar — ou não — um exame médico se torna mais assertiva e baseada em evidências.
Promover campanhas educativas de prevenção à saúde
Incentivar uma cultura de saúde preventiva pode ajudar a mudar a percepção sobre a necessidade de exames. Campanhas educativas podem esclarecer para a população que a quantidade de exames não é, por si só, um indicativo de cuidado e atenção.
Além disso, a conscientização sobre a importância de exames com base em evidências pode levar a um sistema de saúde mais eficiente e focado no paciente.
O papel das empresas e gestores de saúde na conscientização dos beneficiários
As empresas, as operadoras de planos de saúde e os gestores de saúde têm um papel fundamental nesse processo.
Afinal, ao implementar políticas e programas que incentivem o uso consciente do exame médico, é possível educar os pacientes e promover práticas de saúde baseadas em evidências.
Assim sendo, é possível oferecer uma orientação adequada sobre o excesso dos exames médicos aos beneficiários. Para isso, as empresas e corretoras de saúde podem criar canais de orientação para que os beneficiários tirem dúvidas sobre exames e entendam mais sobre o assunto.
Também, é possível oferecer explicações claras sobre o risco de procedimentos desnecessários e ressaltar como o histórico médico atualizado é importante para um maior cuidado com a saúde.
Caminhos para um cuidado de saúde mais consciente
Por fim, vale sempre reforçar que a definição sobre a necessidade de exames médicos deve sempre considerar o equilíbrio entre a segurança e a eficiência do sistema de saúde. Então, com um histórico de saúde mais acessível e uma comunicação eficaz entre médico e paciente, é possível reduzir o número de exames desnecessários, diminuir os custos e preservar a saúde do paciente.
Adotar uma abordagem consciente e embasada na necessidade real dos exames beneficia todos os envolvidos e contribui para um sistema de saúde mais sustentável. Afinal, saúde não se trata apenas de quantidade, mas da qualidade e da assertividade no cuidado.
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