Saúde suplementar: desafios da atualidade
A saúde suplementar é um setor fundamental no ecossistema de saúde, desempenhando um papel crucial na assistência médica de mais de 50 milhões de brasileiros.
No entanto, essa área tem sido alvo de diversos desafios nos últimos tempos e com o envelhecimento da população e a preocupação com a longevidade aliada ao bem-estar, a necessidade de aprimorar a qualidade de vida e a relação com a saúde vem se tornando cada vez mais importante.
Os planos de saúde no Brasil ainda enfrentam obstáculos que precisam ser encarados de maneira assertiva e estratégica para garantir um atendimento de qualidade aos beneficiários e, ao mesmo tempo, equilibrar os gastos operacionais.
Neste artigo, exploraremos alguns dos desafios mais prementes que a saúde suplementar combate hoje. Continue lendo!
A saúde suplementar no Brasil
De acordo com dados levantados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o setor de planos de saúde registrou um crescimento consistente em suas duas divisões, mantendo a tendência observada no ano anterior. Em 2022, o número de beneficiários atingiu um marco significativo, totalizando 50.493.061 usuários em planos de assistência médica no mês de dezembro. Esse valor representa o maior número de beneficiários desde dezembro de 2014.
Esses resultados reforçam a importância e a confiança que os usuários depositam nos planos de saúde como alternativa para cuidar de sua saúde e garantir acesso aos serviços médicos necessários. Entretanto, alguns obstáculos acabam gerando desafios e até prejuízos para as operadoras.
Alta sinistralidade
O índice de sinistralidade considerado saudável pela ANS possui uma margem de limitação em 70%. Porém, diante dos cenários mais atuais do mercado, a sinistralidade acima de 90% é mais comumente vista — e uma das principais preocupações no setor da saúde suplementar. Quando a sinistralidade (que se refere à proporção dos gastos médicos em relação às mensalidades pagas pelos beneficiários) ultrapassa esse índice, o sistema se torna insustentável, uma vez que as despesas superam as receitas, gerando resultados operacionais negativos.
Esse aumento no percentual faz com que as operadoras enfrentem uma situação financeira precária, resultando em aumentos substanciais nas mensalidades ou na diminuição da qualidade dos serviços prestados. Os fatores que contribuem para essa alta sinistralidade incluem o envelhecimento da população segurada, o aumento do custo dos tratamentos médicos e a falta de prevenção de doenças, além do aumento significativo das fraudes no setor.
Fraudes no plano de saúde
As fraudes no plano de saúde estão sendo, atualmente, o principal desafio enfrentado pela saúde suplementar. Infelizmente, esse é um problema recorrente e que prejudica não apenas as empresas do setor, mas também os beneficiários. As fraudes podem incluir desde procedimentos fictícios até o uso indevido do plano por pessoas não autorizadas.
Essas práticas fraudulentas geram prejuízos tanto para as empresas, que muitas vezes são obrigadas a arcar com custos indevidos, quanto para os beneficiários, que podem ter seus direitos negados ou pagar um preço mais alto pelos serviços contratados em decorrência dos altos reajustes de mensalidade.
Distância entre as operadoras X beneficiários
Uma das maiores problemáticas da saúde suplementar nos dias atuais é a falta de proximidade entre as empresas do setor e os clientes/beneficiários. Muitas vezes, os beneficiários se sentem desamparados e enfrentam dificuldades para obter informações claras, atendimento ágil e resolução de problemas.
De acordo com os usuários, a principal queixa é que eles se sentem “deixados de lado” diante das decisões das operadoras, que podem parecer distantes e burocráticas. Essa falta de proximidade gera um sentimento de desconfiança e insatisfação por parte dos clientes.
Incorporação de novas tecnologias
A incorporação de novas tecnologias é um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade para o setor da saúde suplementar. A tecnologia tem o potencial de transformar a forma como os serviços são prestados, possibilitando uma melhor gestão dos recursos e uma assistência mais eficiente aos beneficiários.
No entanto, a incorporação dessas tecnologias requer, muitas vezes, investimentos significativos por parte das empresas e uma adaptação às novas demandas do mercado. Além disso, é necessário garantir a segurança e a privacidade das informações dos beneficiários, uma vez que a utilização de tecnologias digitais implica no compartilhamento de dados sensíveis, que precisa ser feito da maneira correta e seguindo todos os padrões e recomendações impostos pela LGPD.
Aumento de terapias especiais
Por fim, o aumento das terapias especiais é um desafio que impacta diretamente a saúde suplementar. Essas terapias, muitas vezes de alto custo e nem sempre identificadas corretamente dentro das apólices, têm ganhado espaço no tratamento de diferentes condições de saúde.
Embora sejam importantes para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários, o aumento dessas terapias representa um desafio financeiro para as empresas do setor, que precisam entender detalhadamente a demanda de suas populações e destinar para tratamentos preventivos e terapias com melhor custo/benefício, de acordo com as necessidades dos beneficiários.
Em suma, os desafios atuais na saúde suplementar são diversos e impactam diretamente a qualidade do atendimento oferecido aos beneficiários. Se faz necessário uma abordagem ampla e colaborativa para garantir um sistema de saúde mais eficiente e acessível, além de equilibrado e rentável.
É essencial buscar soluções que assegurem o acesso adequado aos serviços de saúde, promovam a sustentabilidade financeira dos planos e garantam a regulação adequada do setor, garantindo a boa funcionalidade do mesmo.