VCMH e reajuste: o que esperar em 2022

Desirée Vilas Boas
22/3/2022

O VCMH (Variação de Custos Médico-Hospitalares) sempre chama a atenção do mercado da saúde suplementar e dos consumidores. Isso porque ele possui um impacto direto no reajuste dos planos de saúde e, consequentemente, no caixa dos envolvidos.

Este índice é, na maioria das vezes, previsível. Entretanto, o ano de 2021 trouxe algumas surpresas, como a primeira vez que o VCMH e o reajuste para planos de saúde individuais foram negativos. Isso causa uma certa expectativa para 2022: será que a tendência é seguir o ano anterior ou voltar aos índices positivos?

Saiba mais sobre VCMH e reajuste, a retrospectiva de 2021 e o que esperar em 2022 no artigo de hoje!

O que é VCMH e como ele se relaciona ao reajuste?

O VCMH (Variação de Custo Médico-Hospitalar) é o índice que expressa a variação do custo das operadoras de planos de saúde, através da comparação de dois períodos consecutivos de 12 meses. Ele leva em conta a frequência de utilização e a variação dos preços de serviços como consultas, exames, cirurgias, tratamentos e internações.

A instituição responsável pelo cálculo do VCMH entre o conjunto de operadoras de planos de saúde é o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar). 

Até 2021, o histórico era de sequências positivas na variação, o que representava um gasto maior por parte das operadoras em relação aos seus clientes. O VCMH, ao lado da taxa de sinistralidade, também traz um impacto direto nos reajustes; já que os gastos eram maiores, o reajuste também era positivo, aumentando as mensalidades dos beneficiários.

O que aconteceu em 2021?

O ano anterior fez história como o único no qual o VCMH e o reajuste foram negativos. Como foi mencionado anteriormente, o cálculo é feito em comparação a dois períodos consecutivos de 12 meses, fazendo com que o cálculo de 2021 fosse feito na comparação dos custos de 2020 e 2021.

Com a pandemia, aconteceram diversas hospitalizações, sobretudo através da saúde pública, e a quantidade de consultas e exames eletivos diminuiu. A procura por serviços de pronto-socorro também baixou durante o auge da circulação do vírus. 

Em contrapartida, o número de beneficiários aumentou consecutivamente durante o mesmo período, trazendo mais receita para as operadoras, enquanto elas não tinham gastos relacionados à utilização.

Isso tudo fez com que a VCMH no Brasil ficasse em -8,34% e com que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) autorizasse o reajuste negativo dos planos de saúde individuais ― no caso dos planos de saúde coletivos empresariais, o reajuste ainda foi positivo, já que a agência não tem autoridade sobre a definição dos reajustes neste tipo de plano.

O que esperar do VCMH e do reajuste em 2022?

Embora a primeira metade de 2021 não tenha fugido dos padrões de 2020, a situação da pandemia ficou mais esperançosa a partir do segundo semestre, devido a vacinação e a diminuição no número de casos graves. 

Isso continua em 2022, e já podemos observar a flexibilização quanto ao uso de máscaras e grande aderência às vacinas. O cenário está, aos poucos, retornando ao que costumávamos conhecer antes de 2020.

A sinistralidade, por exemplo, chegou a 83% no terceiro trimestre de 2021, com os gastos das operadoras chegando a R$43 bilhões, o valor mais alto desde o primeiro trimestre de 2019.

Todos estes fatores apontam para VCMH e reajuste positivos em 2022, voltando ao que era rotineiro no período pré-pandêmico. Além disso, situações externas, como a possibilidade de recessão apontada por economistas, também ajudam com este panorama.

Compartilhe esse artigo