Altos custos nos planos de saúde: como diminuí-los?

Larissa Ferreira
10/11/2023

Os altos custos nos planos de saúde no Brasil têm sido uma preocupação crescente nos últimos anos e tornou-se uma questão complexa e multifacetada. Neste cenário, compreender as razões por trás desse crescimento é o primeiro passo para encontrar soluções eficazes para controlar o aumento dos valores dos planos.

Um dos principais fatores que contribuem para os altos custos dos planos de saúde no Brasil é a variação de Custos Médicos e Hospitalares (VCMH). Embora as operadoras de saúde estejam vivendo a melhor época em número de usuários, - afinal, já são mais de 50 milhões de beneficiários, - foi observado um aumento substancial da VCMH ao longo dos anos. 

De acordo com uma pesquisa do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), esse aumento acontece por causa de diversos fatores, como:

  • Uso de novas tecnologias, que vão desde a compra/manuseio de equipamentos ao investimento na mão de obra especializada;
  • Envelhecimento da população;
  • Aumento da utilização dos planos de saúde.  

O período pós-pandemia também impactou diretamente na VCMH dos últimos anos e, consequentemente, nos reajustes nos planos de saúde. Além disso, com a retomada de procedimentos eletivos, houve aumento de demandas por serviços médicos e hospitalares.

Isso tudo fez com que a VCMH dos últimos anos superasse o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou seja, os valores de custos médicos-hospitalares aumentaram mais do que outros setores da economia.

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Desafios que resultam nos altos custos dos planos de saúde

Existem outros fatores que também influenciam diretamente nos altos custos dos planos. Um deles está relacionado com as fraudes dentro do sistema de saúde suplementar.

Essa situação ficou mais em evidência após o período de pandemia e se tornou uma questão estrutural dentro do sistema, resultando na alta dos valores de reajustes. 

Por vezes, prestadores de saúde e/ou beneficiários do plano se envolvem em práticas fraudulentas, como:

  • Cobrança por serviços não realizados;
  • Reembolsos indevidos;
  • Duplicação de atendimentos;
  • Superestimação de procedimentos. 

Todas essas ações resultam em perdas significativas para as seguradoras de saúde, que, por fim, acabam por repassar esses custos aos segurados.

Outro ponto a ser analisado é que, ao longo dos anos, a Agência Nacional de Saúde (ANS) tem implementado novas regulamentações e exigências que visam garantir a qualidade dos serviços de saúde o que, por sua vez, também pode aumentar os custos para as operadoras.

Essas normas incluem, por exemplo, a incorporação de novos procedimentos médicos, rol taxativo e a atualização das diretrizes de cobertura. Essas ações que impactam diretamente no aumento dos preços dos planos.

Dessa forma, para enfrentar os desafios dos altos custos no plano de saúde no Brasil, é essencial buscar soluções sustentáveis, que garantam a acessibilidade e a qualidade da assistência médica. Abaixo, separamos algumas que você precisa conhecer. Confira! 

4  estratégias para diminuir os altos custos nos planos de saúde e criar um modelo de saúde suplementar sustentável 

1. Incentivar a prevenção e a atenção primária 

A atenção primária se concentra na prevenção de doenças e na promoção da saúde, já que isso pode reduzir a necessidade de tratamentos de alto custo no futuro. 

Como essa ação pode ser feita? Por meio de:

  • Diagnósticos precoces;
  • Direcionamento correto aos especialistas apropriados quando necessário;
  • Gerenciamento e acompanhamento de doenças crônicas;
  • Realização de tratamentos eficazes e menos custosos, evitando procedimentos desnecessários.

A atenção primária é uma estratégia eficaz para a saúde suplementar no Brasil, afinal, contribui para a redução de custos a longo prazo e para a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários dos planos de saúde.

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2. Regulamentação de prestadores de serviço e negociações de reajuste

Outra forma de minimizar os altos custos nos planos de saúde é criar uma relação colaborativa entre operadoras/prestadores de serviço. Afinal, negociações transparentes e justas são uma solução para alcançar custos mais controlados. 

Além disso, a negociação com fornecedores de medicamentos e insumos médicos pode levar a preços mais acessíveis, o que minimiza os valores pagos aos planos. 

Por fim, a busca por parcerias de longo prazo e a adoção de modelos de pagamento baseados em resultados podem beneficiar os prestadores, as operadoras e, consequentemente, empresas e beneficiários. 

3. Para diminuir os altos custos nos planos de saúde, faça ações educacionais

Promover a conscientização sobre o uso adequado dos serviços de saúde e dos seus benefícios é importante para reduzir os altos custos e, também, diminuir a realização de procedimentos desnecessários. 

Para isso, as empresas podem promover atividades, palestras, workshops e treinamentos para seus segurados, incentivando o autocuidado e o conhecimento de acordo com a cultura de utilização do plano para o seu time. 

- Na prática! Confira exemplos de ações que as companhias podem fazer para promover a saúde mental dos seus colaboradores: Saúde mental: como promover segurança emocional nas empresas

4. Ações de saúde baseadas em dados 

Uma plataforma de gestão de dados desempenha um papel fundamental na redução dos altos custos nos planos de saúde, permitindo que empresas, seguradoras e corretoras analisem grandes volumes de informações relacionados aos pacientes e prestadores de serviços de saúde. 

Isso porque a plataforma ajuda a identificar tendências, padrões e áreas de alto custo. Além disso, faz o rastreio de atividades fraudulentas, como cobranças indevidas ou tratamentos desnecessários, evitando perdas financeiras significativas para as seguradoras. 

Aliás, com a plataforma, também é possível identificar pacientes de alto risco, permitindo que sejam adotadas medidas preventivas para gerenciar esses casos de forma mais eficaz - e, assim, reduzir custos. 

Por fim, ao acompanhar os dados de saúde dos pacientes, é possível entender necessidades e aplicar  programas de prevenção e gerenciamento de doenças, melhorando a saúde geral dos segurados. 

De uma perspectiva sobre gerenciamento de dados para operadoras e seguradoras, a análise precisa de informações pode orientar tomadas de decisões sobre quais tratamentos cobrir, como negociar com prestadores de serviços e onde investir seus recursos de forma mais eficiente.

Reduzir os altos custos nos planos de saúde depende do engajamento de todos

Criar um modelo mais sustentável no setor de saúde suplementar no Brasil requer um esforço conjunto de operadoras, prestadores, reguladores e beneficiários. 

Incentivar a prevenção, utilizar dados de forma eficiente, promover a educação sobre saúde e buscar negociações justas são passos essenciais para reduzir os altos custos nos planos de saúde e garantir que todos tenham acesso a serviços de qualidade. 

O caminho para um sistema de saúde mais sustentável é desafiador, mas, com a colaboração de todos os envolvidos, é possível alcançá-lo e melhorar a saúde da população brasileira em geral. 

Quer saber mais sobre o assunto? Então confira: Saúde suplementar: desafios da atualidade

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