Dados financeiros do setor em 2022: principais pontos
No final de abril, a Agência Nacional de Saúde Suplementar atualizou os dados financeiros do setor no Painel Contábil referentes ao 4º trimestre de 2022, revelando informações surpreendentes. Algumas delas estamparam as manchetes dos principais jornais do país, como a do prejuízo operacional de R$11,5 bilhões e o fechamento anual ficando no “zero a zero”, com um “lucro” líquido de R$2,5 milhões.
Ficar de olho nessas informações é extremamente importante, principalmente porque estamos muito perto da divulgação do reajuste dos planos de saúde, o qual depende muito do desempenho financeiro das operadoras no ano anterior.
Quer entender melhor os principais pontos apresentados no Painel Contábil e como os resultados afetam o setor? Leia o artigo que preparamos para você!
A preocupante taxa de sinistralidade
As taxas de sinistralidade ficaram acima do limite técnico em todos os trimestres de 2022, acima dos 80% em cada um deles. Embora o quarto trimestre não tenha sido tão ruim quanto os dois anteriores, que tiveram taxas de sinistralidade de 90,04% e 91,47%, respectivamente, os 84,84% não foram recepcionados de maneira positiva.
A relevância desse dado vem da preocupação com o reajuste dos planos de saúde. Com as informações contábeis do setor no ano de 2022 devidamente fechadas, é possível calcular o que pode ser o teto do próximo reajuste dos convênios individuais/familiares, e as porcentagens muito acima do break-even de 70% acendem um alerta para os consumidores e o mercado.
Esses números também demonstram os percalços que a saúde suplementar está tentando superar, como a demanda reprimida da pandemia, o entendimento do rol de procedimentos como exemplificativo e a liberação de procedimentos e medicamentos altamente custosos ― mesmo com o saldo positivo na entrada de novos beneficiários, estes são os fatores que mais influenciam nesse momento delicado.
Os segmentos que mais sofreram em 2022
No Painel Contábil, é possível filtrar os dados a partir de qualquer informação desejada, como por modalidade da operadora. Ao selecionar essa opção, é possível visualizar as taxas de sinistralidade de uma modalidade específica, como operadoras de autogestão, cooperativa médica, seguradoras, etc.
Os dados que mais chamam atenção são os das operadoras de saúde de autogestão e das seguradoras especializadas em saúde. De acordo com a ANS TabNet, esses tipos de operadoras possuem 3 milhões e 6 milhões de beneficiários, respectivamente, mas mesmo representando uma pequena parcela do total de beneficiários, as suas taxas de sinistralidade assustam.
As operadoras de autogestão chegaram a 102,93% na taxa de sinistralidade do terceiro trimestre de 2022, e as seguradoras ficaram acima dos 90% em todos os trimestres do ano.
Além das questões já mencionadas acima (demanda reprimida, rol exemplificativo e medicamentos caros), o painel contábil mostrou que as operadoras de autogestão tiveram despesas operacionais e administrativas que ultrapassaram R$2 bilhões cada, enquanto as seguradoras tiveram despesas de comercialização que ultrapassaram os R$3 bilhões, sem contar nas despesas administrativas e operacionais, que custaram R$2 bilhões e R$1 bilhão, respectivamente.
Tudo que foi demonstrado nesta última atualização comprova os maus lençóis nos quais a saúde suplementar se encontra. Quanto às influências externas, a única saída é esperar alguns anos para que a situação se estabilize e as operadoras encontrem soluções para estes desafios ― já sobre os fatores internos, se torna cada vez mais essencial otimizar alguns processos e realizar as auditorias com ainda mais rigidez.