Operadoras cortam 90% dos planos de saúde familiares
No complexo panorama dos serviços de saúde suplementar no Brasil, uma tendência vem surgindo nos últimos anos: o declínio na oferta de planos de saúde familiares e individuais em contrapartida ao aumento na disponibilidade de planos coletivos.
Essa mudança pode funcionar como uma estratégia das operadoras de saúde para evitar a regulamentação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) nos reajustes anuais.
Este artigo explora os motivos e as implicações dessa mudança, destacando as preocupações dos consumidores e órgãos reguladores.
Também, a necessidade de uma análise mais detalhada das práticas das operadoras de saúde e a importância de uma maior conscientização por parte dos beneficiários sobre as opções disponíveis no mercado de planos de saúde suplementar no Brasil. Continue lendo!
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Por que está acontecendo a diminuição dos planos de saúde familiares?
Em um contexto onde a ANS regula apenas o reajuste dos planos vendidos diretamente a indivíduos ou famílias, com um aumento significativo de 9,6% em 2023, há uma brecha para os planos coletivos, em que é possível que haja reajustes mais altos.
Isso porque, esses planos, destinados a empresas ou categorias específicas como advogados, médicos e servidores, permitem que as operadoras decidam os índices de reajuste em acordo com as entidades contratantes, sem a interferência diretamente da ANS. Consequentemente, em 2023, o reajuste dos planos coletivos atingiu a marca de 26%, e para o ano seguinte, estima-se um índice próximo a 25%.
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Crescimento dos planos coletivos
A ascensão dos convênios coletivos é evidenciada pelo crescimento de 50% na oferta desses planos entre dezembro de 2013 e junho de 2023, segundo dados da ANS.
Em contrapartida, os planos de saúde familiares e individuais contavam com 8,8 milhões de beneficiários em dezembro de 2023, enquanto os planos coletivos alcançavam a impressionante marca de 42,2 milhões de segurados.
Essa mudança de foco das operadoras traz outras questões à tona como, por exemplo: enquanto nos planos de saúde familiares e individuais as operadoras enfrentam restrições para cancelamento, nos planos coletivos a legislação permite que as operadoras cancelem os contratos sem necessidade de justificativa, bastando um aviso prévio de 60 dias.
Consequências da diminuição das ofertas de planos de saúde familiares
A transição da oferta dos planos de saúde familiares para os planos de saúde coletivos/empresariais tem suas consequências para os beneficiários. Afinal, ainda existem pessoas que buscam pelos planos individuais e familiares, ainda que este número esteja em decadência.
Pensando nisso, , as operadoras têm buscado outras formas de atrair clientes para planos coletivos, como a oferta de planos mais baratos para pequenas empresas, conhecidos como "pejotinhas". No entanto, os beneficiários ainda podem ter dúvidas relacionadas à essa questão.
A situação reforça a importância sobre a regulação do setor de saúde suplementar no Brasil.
Enquanto a ANS afirma respeitar a "livre iniciativa" das operadoras, entidades como a FenaSaúde apontam para a necessidade de uma revisão na forma de reajuste dos planos de saúde familiares e individuais, baseando-se na variação real dos custos de cada operadora.
Afinal, a discrepância entre os reajustes autorizados pela ANS e os aumentos reais nos custos médico-hospitalares tem contribuído significativamente para a redução na oferta de planos de saúde familiares e individuais.
Diante desse quadro, é essencial que os órgãos reguladores e as operadoras de saúde encontrem um equilíbrio entre a liberdade de mercado e a proteção dos beneficiários, garantindo o acesso a planos de saúde acessíveis e de qualidade para todos os brasileiros.
Enquanto isso, os consumidores devem estar atentos aos seus direitos e buscar informações detalhadas ao contratar um plano de saúde, a fim de evitar surpresas no futuro.