Envelhecimento populacional na saúde: como gerenciar?
Com o aumento da expectativa de vida e a diminuição das taxas de natalidade, o envelhecimento populacional tornou-se uma realidade global.
Esse fenômeno traz consigo uma série de desafios, especialmente no que diz respeito ao setor de saúde. Afinal, nesse contexto, o envelhecimento da população apresenta questões que exigem uma abordagem cuidadosa relacionada à conscientização e cuidados preventivos, assim como maneiras de utilizar os convênios de forma estratégica, buscando equilibrar os custos e benefícios o sistema suplementar e, ao mesmo tempo, aproveitar a cobertura oferecida por ele.
Aqui, vamos falar mais sobre como o envelhecimento populacional impacta o sistema suplementar de saúde. Além disso, discutiremos estratégias eficazes para gerenciar essa realidade em constante evolução. Acompanhe!
- Veja também: Idosos no plano de saúde: envelhecimento populacional no Brasil
Envelhecimento populacional no Brasil
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 10 anos, a população brasileira ganhou 2,4 anos de vida a mais, chegando a 77 anos de expectativa em 2021.
Outro dado importante relacionado ao envelhecimento populacional está ligado à quantidade de pessoas que atingiram a melhor idade. Para se ter uma ideia, em 2022, o total de pessoas com 65 anos ou mais chegou a somar 10,9% da população, uma alta de 57,4% frente a 2010, quando essa porcentagem era de 7,4%.
Ao falarmos dos planos de saúde, utilizando como base os dados do Panorama dos Idosos Beneficiários de Planos de Saúde no Brasil, desenvolvido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), houve um crescimento nos planos de saúde em todas as faixas etárias acima dos 60 anos, com destaque para idosos com 80 anos ou mais.
Por fim, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revela que, entre 2013 e 2022, o total de beneficiários com 60 anos ou mais passou de 5,7 para 7,2 milhões. Isso representa um crescimento de 26,6%.
Ou seja: o envelhecimento populacional é um fenômeno que já faz parte do momento em que vivemos. Então, como garantir que ele seja encarado como algo positivo, já que representa mais longevidade, saúde e bem-estar para as pessoas?
Confira alguns desafios que essa ação traz e, também, estratégias para que o envelhecimento da população seja acompanhado de forma positiva e equilibrada.
Desafios do envelhecimento populacional no Brasil
Alguns dos principais desafios enfrentados pelo envelhecimento populacional no país são:
Aumento da demanda por serviços de saúde
Com o envelhecimento da população, há uma maior prevalência de doenças crônicas e condições de saúde que requerem cuidados contínuos e complexos. Dessa forma, também há um aumento na demanda por serviços de saúde, incluindo consultas médicas, exames, procedimentos cirúrgicos, medicamentos e terapias.
Custo dos cuidados de longo prazo
À medida que a população envelhece, há uma maior necessidade de cuidados de longo prazo, como cuidados domiciliares, assistência em instituições de longa permanência e serviços de cuidados paliativos. Esses tipos de cuidados podem ser mais custosos, especialmente para planos de saúde suplementar que cobrem uma ampla gama de serviços.
Políticas de precificação
O envelhecimento populacional pode afetar as políticas de precificação dos planos de saúde, já que os idosos tendem a utilizar mais os serviços oferecidos pelos convênios. Dessa forma, é possível que haja um aumento nos prêmios de seguro saúde ou à implementação de políticas que diferenciam os preços com base na idade, o que pode ser controverso.
Custos da tecnologia médica
Com o avanço da idade, os pacientes podem precisar de procedimentos médicos mais avançados e tecnologicamente intensivos. Esses tratamentos podem ter um custo mais alto e, dessa forma, tendem a aumentar os custos para os planos de saúde suplementar.
Estrutura de reembolso levando em consideração o envelhecimento populacional
O sistema de reembolso atual pode não ser suficientemente flexível para lidar com o aumento da complexidade dos cuidados de saúde exigidos pela população idosa. Assim sendo, esse desafio pode levar a questões de dificuldade de acesso aos serviços.
Agora que você sabe quais são alguns dos principais desafios do envelhecimento populacional enfrentados pelo sistema suplementar de saúde, certo? Então, é hora de conferir quais são as melhores estratégias para gerenciá-lo. Veja abaixo:
Estratégias para gerenciar o envelhecimento populacional
Pois bem, para lidar com os desafios do envelhecimento populacional, é importante que o sistema de saúde adote abordagens inovadoras, como:
Promoção da saúde e prevenção de doenças
Investir em programas de promoção da saúde e prevenção de doenças pode ajudar a reduzir a incidência de condições crônicas e melhorar a qualidade de vida dos beneficiários.
Esses programas podem contar com:
- Campanhas de conscientização;
- Programas de mudança de comportamento;
- Incentivos para adoção de hábitos saudáveis;
- Programas de rastreamento e detecção precoce de doenças.
Gerenciamento de doenças crônicas é importante para o gerenciamento do envelhecimento populacional
Implementar programas de gerenciamento de doenças crônicas pode ajudar a melhorar os resultados de saúde e reduzir os custos associados ao tratamento dessas condições.
Aliás, vale ressaltar que, segundo dados da Pnad Covid-19 do IBGE, 47,7 milhões de brasileiros declararam ter recebido diagnóstico médico de alguma doença crônica em algum momento da vida, o que representa 22,5% da população.
Para fazer o gerenciamento adequado dessas condições, pode ser importante adotar ações que envolvam:
- Educação e conscientização sobre a doença para facilitar o autogerenciamento;
- Monitoramento de saúde remoto;
- Coordenação de cuidados entre diferentes provedores e apoio psicossocial.
- Confira: Gestão de doenças crônicas: sua importância e como fazer
Integração de cuidados
Promover uma abordagem integrada e coordenada aos cuidados de saúde pode ajudar a garantir que os pacientes recebam os serviços certos, no momento certo e de forma eficiente.
Essa integração de cuidados pode ser feita por meio de diversas ações, como:
- Criação de equipes multidisciplinares de profissionais da saúde;
- Uso de tecnologia para compartilhamento de informações;
- Coordenação de transições de cuidados entre diferentes configurações.
Uso eficiente de tecnologia médica
Utilizar tecnologias médicas inovadoras, como telemedicina, dispositivos de monitoramento remoto, inteligência artificial, algoritmos preditivos e análise de dados, pode ajudar a melhorar o acesso aos cuidados de saúde, otimizar o gerenciamento de doenças crônicas e reduzir custos desnecessários.
- Veja também: Tecnologia preditiva na saúde: descubra pacientes de alto custo
Revisão de políticas de precificação e reembolso
Revisar as políticas de precificação e reembolso dos planos de saúde suplementar pode ajudar a garantir uma distribuição justa e equitativa dos custos associados ao envelhecimento da população.
Isso pode envolver a implementação de modelos de pagamento baseados em valor, ajustes nas taxas de prêmio com base no risco e incentivos para a prestação de cuidados de alta qualidade e custo-efetivos.
Advocacia por políticas públicas
Advogar por políticas públicas que promovam o acesso equitativo aos cuidados de saúde para a população idosa pode ajudar a garantir que os benefícios dos cuidados de saúde suplementar sejam amplamente distribuídos.
Para isso, é possível pensar em políticas de saúde universal, programas de subsídios para pessoas de baixa renda e regulamentações que protejam os direitos dos beneficiários.
Por fim, ao implementar essas estratégias de forma integrada e colaborativa, é possível gerenciar de forma mais eficaz os desafios associados ao envelhecimento populacional no contexto da saúde suplementar, garantindo cuidados de saúde mais acessíveis, de alta qualidade e sustentáveis para todos os beneficiários.
Gostou de saber mais sobre estratégias para gerenciar o envelhecimento populacional no Brasil? Para aprofundar-se ainda mais sobre o assunto, acesse: 9 dicas para promover qualidade de vida aos idosos no plano de saúde