Nova proposta da ANS: plano apenas para consultas eletivas

Daniela Hendler
25/2/2025

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deu um passo importante para a modernização do setor ao anunciar a realização de uma consulta pública e de uma audiência pública sobre um novo modelo de plano de saúde.

A proposta sugere a criação de um produto voltado exclusivamente para consultas eletivas e exames, sem cobertura para atendimentos emergenciais, internações ou procedimentos hospitalares mais complexos.

Essa iniciativa surge como resposta a um dos maiores desafios enfrentados pelos brasileiros quando o assunto é saúde: o acesso limitado aos planos de saúde. 

Atualmente, de acordo com dados divulgados pelo próprio site da ANS, apenas 25% da população têm algum tipo de cobertura privada, e a maioria das pessoas depende integralmente do Sistema Único de Saúde (SUS), que frequentemente enfrenta superlotação e longos tempos de espera para consultas e exames. 

Dessa forma, o objetivo desse novo modelo de plano é oferecer uma alternativa mais acessível, garantindo que um número maior de brasileiros tenha assistência médica regular e preventiva.

Ao focar na atenção primária e secundária, esse tipo de plano pode desempenhar um papel essencial na promoção da saúde, permitindo o acompanhamento médico contínuo, a realização de exames preventivos e a detecção precoce de doenças. Continue lendo e entenda mais sobre essa nova proposta!

Como esse novo plano de saúde funcionaria?

Diferente dos planos tradicionais, que incluem coberturas amplas para diversas necessidades médicas, esse novo modelo proposto pela ANS teria um escopo mais restrito, focado em consultas médicas e exames laboratoriais e de imagem. 

Assim sendo, a ideia é garantir que os beneficiários possam ter acesso facilitado a médicos de diferentes especialidades, sem precisar enfrentar filas demoradas no sistema público ou arcar com os altos custos das consultas particulares.

O plano cobriria consultas eletivas em todas as especialidades médicas e exames listados no rol de procedimentos da ANS, sem limite de quantidade. No entanto, não incluiria pronto-atendimento, internações, cirurgias ou tratamentos prolongados, como quimioterapia e terapias intensivas.

Esse modelo se baseia em experiências internacionais, onde sistemas de saúde focados em atenção primária e exames preventivos ajudam a reduzir a necessidade de tratamentos emergenciais e hospitalizações. Além disso, a proposta pode facilitar o acesso ao acompanhamento médico para milhões de brasileiros que, atualmente, não conseguem contratar um plano de saúde devido aos altos custos.

Outra característica importante desse novo plano é que ele seria regulamentado pela ANS, garantindo segurança e transparência para os consumidores. 

Com isso, a população teria acesso a um serviço confiável e com regras bem definidas, sem risco de surpresas desagradáveis, como negativas indevidas de cobertura ou reajustes abusivos.

Os impactos esperados da nova proposta da ANS na saúde suplementar e no SUS

A possível criação desse novo tipo de plano pode gerar mudanças tanto no setor privado quanto no sistema público de saúde. 

Um dos principais desafios enfrentados pelo SUS atualmente é a sobrecarga de atendimentos ambulatoriais, com milhares de pacientes aguardando consultas e exames essenciais para diagnóstico e acompanhamento médico.

Então, com a ampliação do acesso à saúde suplementar por meio dessa nova modalidade, a expectativa é que milhões de brasileiros consigam realizar suas consultas e exames com mais rapidez e eficiência. 

Por fim, isso pode resultar em um impacto positivo na gestão do SUS, permitindo que o sistema público concentre seus recursos em atendimentos de alta complexidade, cirurgias e emergências médicas.

Além disso, a proposta pode estimular uma mudança de mentalidade na forma como a saúde é gerida no Brasil. 

Hoje, muitas pessoas buscam atendimento médico apenas quando já apresentam sintomas graves, o que pode levar a diagnósticos tardios e tratamentos mais complexos. Então, com um modelo focado em atenção primária, o acompanhamento médico preventivo pode se tornar mais comum, permitindo que doenças sejam identificadas e tratadas precocemente, reduzindo a necessidade de procedimentos invasivos e hospitalizações prolongadas.

Outro fator relevante é que esse modelo pode representar uma oportunidade para as operadoras de planos de saúde diversificarem seus produtos e atenderem a um público que antes não conseguia contratar um plano devido às exigências financeiras e burocráticas. Assim, a saúde suplementar se tornaria mais inclusiva e acessível, contribuindo para a ampliação da cobertura no país.

Os benefícios do plano de consultas eletivas

Essa nova proposta da ANS pode trazer vantagens para os beneficiários e para o setor de saúde como um todo. Alguns dos principais benefícios incluem:

  • Maior acessibilidade financeira: ao excluir serviços de emergência e internações, o custo desse plano tende a ser consideravelmente mais baixo do que os planos tradicionais, tornando-o acessível para um número maior de pessoas.
  • Foco na prevenção e no diagnóstico precoce: com consultas médicas regulares e exames disponíveis, os beneficiários podem identificar e tratar doenças em estágios iniciais, aumentando as chances de sucesso nos tratamentos e reduzindo os custos com terapias prolongadas.
  • Desafogamento do SUS: com mais pessoas recorrendo ao sistema privado para consultas e exames, a sobrecarga da rede pública pode ser reduzida, permitindo um melhor atendimento para aqueles que realmente precisam dos serviços do SUS.
  • Modelo mais sustentável para as operadoras: para as operadoras de planos de saúde, esse novo produto representa uma oportunidade de diversificação e inovação, atraindo consumidores que antes não podiam arcar com os custos dos planos completos.
  • Opção segura e regulada: como o plano será supervisionado pela ANS, os consumidores terão uma alternativa confiável, com regras claras e garantia de atendimento dentro das normas estabelecidas.

Nova proposta da ANS: o que esperar daqui para frente?

A proposta da ANS ainda está em fase de discussão e será debatida em consulta pública e audiência pública antes de qualquer implementação. Esse processo é essencial para que diferentes setores da sociedade, incluindo especialistas em saúde, operadoras de planos e consumidores, possam contribuir com sugestões e questionamentos sobre o novo modelo.

Se aprovado, esse novo tipo de plano pode representar um avanço importante para a democratização do acesso à saúde suplementar no Brasil. Afinal, ao oferecer uma alternativa acessível e focada em prevenção, a ANS abre caminho para um sistema mais equilibrado, no qual mais brasileiros possam ter acompanhamento médico regular sem comprometer suas finanças.

Independentemente do resultado final da consulta pública, o debate em torno dessa proposta já coloca em evidência a necessidade de repensarmos o modelo de saúde suplementar no Brasil. Com soluções inovadoras e regulamentações eficazes, é possível criar um ambiente mais acessível e sustentável, beneficiando tanto a população quanto o setor como um todo.

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